FAMILIA FINZETTO 4j432l
Marcello
e Angelina - eio no Viaduto do Ch
Adoraria poder contar de forma completa a histria dos Finzetto, mas 100 anos j se aram desde que eles se estabeleceram em So Paulo, antes ficaram ainda uns 20 anos em Ribeiro Preto e antes a Itlia. Se o tempo no nos perdoa, o que dir da memria de pessoas simples, cujo legado apesar de estar no nosso dia-a-dia, tem as lembranas escondidas dentro de caixas guardadas. So aquelas fotografias de quem no sabemos quem so e nunca paramos para prestar ateno que elas contam um pouco da histria daquelas pessoas, s vezes so documentos antigos que aparentemente s contam nomes e datas, mas que foram utilizados nos momentos mais importantes da vida de quem os tinha, para casar, quando tiveram filhos... E as cartas, essas falam por si s. So fragmentos da histria de quem, de certa forma, plantou as sementes da vida que temos hoje.Tenho um imenso respeito por essas pessoas, com algumas tive o grande prazer de compartilhar a fase mgica da vida. Quando criana morvamos ao lado das casas da minha av Rosina, minha tia av Iolanda e minha bisav Angelina, infelizmente meu bisav Marcello j havia falecido. Meu dia era dividido entre a escola e o maravilhoso quintal dessas trs mulheres incrveis. Junto com a minha bisav morava meu tio av Antonio, era ele quem cuidava da horta, impecvel com os canteiros caprichosamente divididos por caminhos de cimento, sistema de irrigao e tudo mais. Jabuticabeira, laranjeiras, limoeiros, ameixeiras, mamoeiros, parreiras, tudo isso no meio de So Paulo. Tinha tambm um barraco, que eu at hoje tenho l minhas dvidas se no era mal assombrado, l meu tio guardava suas ferramentas e ramos (eu e meus primos, todos muito levados) terminantemente proibidos de entrar, correndo o risco da caveira, que morava dentro de um caixote, se zangar e nos dar uma lambada. A grande varanda com seu fogo a lenha, os mveis da casa. Era uma poca to feliz que hoje posso fechar os olhos e at consigo sentir o cheiro da casa, o cheiro das comidas que preparavam, o Tortelli de natal, recheado caprichosamente com abbora e sabe-se l mais o que, servido no brodo, iguaria fina. Depois que minha to amada av se foi o sabor ficou s na memria.
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O quintal, na foto minha bisav Angelina, minha av Rosina e Mauro (filho de minha tia av Iolanda)
Desejo aqui, dividir com vocs alguns achados, resultado da pesquisa que realizo com muito carinho sobre a famlia Finzetto, so alguns textos, fotos e impresses. Dentro das poucas certezas que tenho, posso afirmar que a vida dessas pessoas foi de muita luta, coragem e realizao.
De Villafranca di Verona para Ribeiro Preto
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Imagens de Villafranca di Verona por volta de 1900, gentilmente cedidas por Bruno Fagagnini da Galleria La Stampa ntica em Villafranca di Verona. A Galleria funciona na casa onde morava parte da famlia Finsetto.Talvez nunca consiga descobrir os verdadeiros motivos que levaram os Finsetto a deixarem Villafranca di Verona, uma pequena cidade da Provncia de Verona e virem para o Brasil. O certo que em 05 de novembro de 1888, desembarcaram do vapor San Martino, no Porto de Santos, foram para So Paulo na Hospedaria dos Imigrantes e de l seguiram para Ribeiro Preto contratados para trabalhar na Fazenda do Dr. Rodrigo Pereira Barreto, de acordo com o registro do Memorial do Imigrante eram eles:
Luigi Finsetto (meu trisav), 36 anos, Rosa Gaburro (minha trisav), 34 anos e os filhos ngelo, 03 anos e Marcello (meu bisav), 01 ano.
Pietro Finsetto (irmo de Luigi), 29 anos, ngela Cordioli (esposa de Pietro), 27 anos, a filha Maria, 03 anos.
Carolina Fornasieri (minha tatarav), 55 anos e Maria (tia de Luigi e Pietro, provavelmente irm de Carolina), 66 anos.
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foto do livro de registro da Hospedaria dos Imigrantes de So PauloFicaram em Ribeiro Preto at mais ou menos 1906, quando vieram para So Paulo e adquiriram uma propriedade na Vila Romana, conforme conta Antonio Finzetto (nascido em Ribeiro Preto), irmo de meu bisav Marcello em matria escrita para o Jornal do Bairro da Lapa, em abril de 1993, a qual transcrevo abaixo.
LAPEANO CONTA HISTRIAS CENTENRIASEm plena cidade de So Paulo, ele nadava no Rio Tiet e de seu leito era capaz de tirar peixes at com a mo para alimentar a famlia. O Rio tambm lhe oferecia matria prima para realizar seu trabalho como oleiro, com o farto e bom barro de suas margens. Ponto de referncia de So Paulo de Piratininga, o Tiet mantinha seu traado original, cheio de curvas e lugares de vrzea em suas imediaes.
Esta histria comea bem antes da grande enchente que transbordou o Rio Tiet e afetou toda a regio em 1929. contada por um dos mais antigos lapeanos vivos, Antonio Finzetto, que neste ms completa 100 anos. Nascido em Ribeiro Preto, interior do Estado, ele veio morar com pais e irmos no Bairro da gua Branca em 1906. Gostamos da regio e logo compramos um terreno na esquina das Ruas Caio Gracco e Marcelina, diz.
Nessa ampla rea, a famlia Finzetto construiu a olaria e uma casa espaosa. S havia uma ou outra residncia e muita cobra cascavel, lembra Finzetto. Os caminhos se resumiam a trilhas por meio do matagal e a chuva tornava difcil a tarefa de transportar a argila do Tiet at a olaria. Esse servio era feito pelos cinco homens da famlia e mais 15 funcionrios, que se encarregavam de encher e guiar as carroas.Pequena vizinhana Um dos poucos vizinhos de Finzetto na poca se chamava Carlos Vicari, posteriormente homenageado ao denominar uma rua na gua Branca. Ele tinha um stio atrs da igreja So Joo Maria Vianney, na Praa Cornlia. Nem a igreja nem a praa existiam naquele tempo, recorda o centenrio morador. Foi no stio de Vicari que a famlia de Finzetto morou enquanto construa sua casa junto olaria.
Finzetto lembra ainda do loteamento da atual Vila Romana. A rea pertencia aos irmos Alexandre e Francisco Siciliani, conta. A famlia Siciliani tambm era proprietria da Companhia Mecnica, uma das primeiras indstrias a se instalar na Lapa de Baixo. Os lotes da Villa Romana foram demarcados pelo engenheiro Bianchi, acrescenta Finzetto, mostrando um mapa do loteamento datado de 1888.
Tempo de vacas magrasA segunda dcada do sculo foi marcada pela recesso da Primeira Guerra Mundial. Ela atingiu em cheio a todos e no foi diferente na olaria dos Finzetto. Os negcios comearam a ir mal e meu pai teve que fechar a olaria. Arrendamos uma outra, na Freguesia do , de propriedade de Cisto Ranzini, relembra.
Durante a guerra os produtos sumiram das prateleiras. No se encontrava mais nada, nem farinha para fazer po. Tudo era racionado, diz, lembrando que muitos lampies a querosene foram substitudos por velas na ocasio. Mas os tempos de vacas magras no trazem somente ms recordaes a Antonio Finzetto. Afinal, foi no ano da Revoluo de 24 que se casou com Adelina Dalmazzo, sua esposa h 69 anos.
Antonio
e Adelina em maio de 1994, completando 70 anos de casamento
Um dos momentos mais emocionantes desse trabalho de pesquisa quando conhecemos algum parente que tem a mesma paixo pela famlia que ns. Foi assim com Elsio, neto do ngelo, um dos irmos do meu bisav, contemporneo de minha av, se lembra at do casamento dela, sabe muitas histrias da famlia. Sempre viveu na Freguesia do , onde parte da famlia se estabeleceu perto de 1915. Meu bisav Marcello ficou na Vila Romana, ento eles trabalhavam tanto nas margens esquerda quanto na direita do Rio Tiet de um lado a Freguesia do , do outro a gua Branca e Lapa.Elisio mora em um andar altssimo de um prdio na Freguesia que d exatamente para o rio, a vista magnfica dando para ver todo o vale Tiet.
De l ele me mostrou onde ficavam as olarias, coisa que eu j havia tentado visualizar olhando da rua, mas no h comparao. De repente tive a sensao que a Marginal Tiet sumiu junto com todos os seus carros, o rio tomou seu traado antigo, a ponte antiga reapareceu e com meu corao cheio de emoo, pude imaginar como devia ser por l em 1915. Imaginei as distncias que percorriam com suas carroas cheias do barro para fazer telhas e tijolos. Marcello que morava e tinha sua olaria na Vila Romana, bairro do outro lado do rio, acima da gua Branca, andava muito! No a toa que dizem que era um homem fortssimo, uma vez derrubou um cavalo com um murro. Mas tambm era uma pessoa de grande sensibilidade e humor (como mostram as fotos abaixo), no carnaval, junto com os amigos, se vestia de mulher para sair no bloco do bairro, tocava acordeom, fazia serenatas pela Vila Romana, era muito bomio e uma vez chegou to tarde que minha bisav, que era um doce, ficou to brava que furou com uma faca todo o fole do acordeom. Alis, cada um da famlia tocava algum instrumento, como vocs podero ver no texto abaixo, para mim um verdadeiro tesouro que recebi do Elsio, conta um pouco da histria da fundao do 7 de Setembro Futebol Clube, da minha famlia e de outras pioneiras na regio da Freguesia do .
Apenas transcrevi do original, onde h ponto de interrogao, infelizmente no pude entender.
A FUNDAO DO 7 DE SETEMBRO FUTEBOL CLUBE
Em 1913 meu pai Hygino Campagnolo dispondo de algumas economias me consultou sobre qual seria a minha opinio sobre dois negcios que lhe surgiu, de empregar o dinheiro, que seria, primeiro a compra de uma casinha prxima a Praa Marechal Deodoro, perto de onde morvamos, segundo ou comprar uma chacrinha na Freguesia do .
Eu nesta poca contava 16 anos de idade e gostava de pescar e na Freguesia do naquela poca tinha caa e pesca em abundncia, ento optei para que fosse feita a compra da chacrinha da Freguesia do que era de um terreno de 40X40 situado na hoje Avenida Nossa Senhora do , fazendo esquina com a travessa Joo Luis, e no terreno tinha uma casinha composta de 1 sala, 2 cmodos e cozinha, e tendo eu a profisso de barbeiro ento instalei na sala um salo de barbeiro, sendo o nico em toda a Freguesia do e Bairro do Limo e o preo da barba era 200 reis e cabelo 300 reis e barba e cabelo 500 reis. Pegando a nossa chcara do lado esquerdo estava a olaria dos Finzettos composto dos pais e dos irmos ngelo, Marcello, Antonio e Vittorio e empregados Virgilio Oliveira, Bastiozinho, Paride Biancardi, Chico, Benedito Barboza e nos fundos dividia com terreno do Joo Luis pai do Joo Zuani conhecido por Joo Carpinteiro, que foi o que confeccionou as primeiras travas de gol, e do outro lado da chcara ficava a chcara de Raymundo Fuzzatti e a chcara de Joo Prado e sendo todos meus fregueses no salo tnhamos formado uma pequena orquestra formada do modo seguinte: Antonio Finzetto tocava flauta, Vittorio Finzetto tocava clarinete, Bastiozinho sanfona, (?) pandeiro e eu Joo P. Campagnolo viola e nos dias de chuvas e enchentes aramos o tempo todo reunidos no salo de barbeiro porque l fora s havia lama e gua ento surgiu a idia de formarmos um club de foot bool e resolvemos fundar no dia 7 de setembro de 1917 o 7 de Setembro Foot Bool Club. Escalando no gool Manoelito, beque esquerdo Joo P.C., beque direito Ottiliano, avulso Giba , alfo direito Nestor Fuzzatti, Alfo Centro Joo Zuani, Alfo esquerdo Etherino Barbante, linha Virgilio de Oliveira, Jos Borges, Vittorio Finzetto, Laurindo de Brito e Jos Guilardi. Reservas Joo Cabral, Antonio Finzetto, Emo Bertazzo, Lucio Falconi, Ricieri Biojoni etc, etc, e depois o clube foi se reforando com a colaborao valiosa das famlias de Joo de Brito, Joo Prado, Raymundo Fozzatti, Guerino Barreira, Joo Marechini, Pedro Perin, Fredianeli Vicente Justo(?) Pilade Olegrini, Guilardi, Otavio Marighetti, Esterino Barbanti, Estieri Biajoni, Falconi, Borges, Marques e muitas outras. J. Carvalho, Leandro, Zigrossi, Pardini, Fuzaro, Galli, Leito, Zeca de Freitas, etc.
As cores da bandeira foram sugeridas por mim e aprovadas por todos os pacientes e mandamos confeccionar juntamente com as camisas, e deste modo que foi fundado o glorioso e simptico 7 de Setembro Foot Bool Club. Como a vida curta e restam poucos sobreviventes da poca em que nosso clube foi fundado e no querendo que a mui digna diretoria atual e futura no fiquem em dvida e incerteza como foi fundado o glorioso 7 de Setembro Foot Bool Club ento reunimo-nos 3 elementos sobreviventes e assinamos a declarao acima confirmando a expresso da verdade como ele foi fundado. Pedimos que nos perdoe se esquecemos de incluir outros nomes o que justifica devido ter se ado 54 anos.Joo Pedro Campagnolo
Joo Zuani
Victorio Finzetto
So Paulo, 12 de abril de 1971.
Marcello
e amigos na rdio
A Famlia Finzetto
NGELO FINSETTO, falecido em Villafranca di Verona, casado com CAROLINA FORNASIERI (1833),veio para o Brasil e faleceu em Ribeiro Preto; o casal teve os seguintes filhos: PIETRO FINSETTO (1859) casado com NGELA CORDIOLI (1861) em Villafranca di Verona, tiveram os seguintes filhos:
- Maria Finsetto (1885) nascida em Villafranca di Verona
- ngelo Felcio Finzetto (1891) Nascido em Ribeiro Preto
LUIGI PASQUALE FINSETTO (1852 + 1937) casado com ROSA MARIA GABURRO (1854+1923) em Villafranca di Verona, (meus trisavs) que tiveram os seguintes filhos:FELICE FINZETTO (1868) veio para o Brasil em 1891 e se casou em Ribeiro Preto com Carolina Bergamini; tiveram os filhos
- ngelo Finsetto ( 1885 + 1919) nascido em Villafranca di Verona, casado em 1907, em Ribeiro Preto, com Elisabetta Marcon, tiveram os filhos: ngela (1907 +1988), Luis (1909+1979), Rosa(+1941), Joo (1914+2000), Valentim (1916+1917) e Carmelinda (1917+1919).
- Marcello Angelo Finsetto (1887 + 1971) meu bisav, nascido em Villafranca di Verona, casado em 1913, em So Paulo com Angelina Castagna, tiveram os filhos: Iolanda (1915+2003), Mafalda (1917+1918), Antonio (1919+1986) e Rosina (1921+2001),minha av.
- Felice Vitaliano Finzetto (1888 + 1918) nascido em Ribeiro Preto, casado com Josephina (Nila) Poo ou Posso, tiveram a filha Olga (1915) e Felcia(1919).
- Antonio Finzetto (1893 + 1994) nascido em Ribeiro Preto, casado em 1924, em So Paulo, com Adelina Dalmazzo, tiveram os filhos: Gilberto, Nair, Hayde e Wilde.
- Vittorio Finzetto (1890+ 1982), nascido em Ribeiro Preto, casado com Beatriz Casari, tiveram os filhos: Dora (1918+1919), Josephina, Nadir, ngelo (1921+1985) e Felcio.
Maria (1896) e Jos. Desse casal descendem os Finzetto de Franca.ANTONIO FINZETTO casado com Elisabetta Gaburro em Villafranca di Verona. At onde pude pesquisar esse foi o nico filho do casal que ficou em Villafranca. Tiveram o filho PIETRO PAOLO que veio para o Brasil e foi viver em Curitiba onde casou com Helena Salomo e tiveram os seguintes filhos:
- Danilo Joo,
- Dulio
- Aluzio Finzetto.
Prdio
do Municipio di Villafranca di Verona
Placa da rua lateral
ao prdio do Municipio
Interior do prdio
do Municipio
As informaes acima so resultado de pesquisa feita em registros de nascimento, casamento, bito e outros no Brasil e na Itlia, mas essa pesquisa ainda no foi concluda, um trabalho para muitos anos. Ainda procuro os descendentes de Pietro Finzetto e ngela Cordioli, primos do meu bisav Marcello, s os encontrei devido aos registros do batismo do ngelo Felcio em Ribeiro Preto. Todos os Finzetto que vivem hoje no Brasil so descendentes de ngelo e Carolina, sei que h alguns Finsetto em Verona, mas ainda no consegui estabelecer contato com esses e comprovar nossas ligaes.A parte mais emocionante dessa pesquisa o contato com familiares que at ento no acreditavam em nossa mesma origem. Assim, para poder continuar contando essa histria, conto com a colaborao de todos, e se voc tiver qualquer informao que possa contribuir com esta pesquisa ou fotos que queira ver nessa pgina, por favor, escreva para mim atravs do e-mail
Ajudem-me
a reunir todos os FINZETTO/FINSETTO/ dispersos pelo Mundo!
Um
grande abrao a todos
Rosangela
Barbosa
maro/2008