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1835
a 1857 |
Giuseppe Armani nasceu em 09/06/1835 em Vilmezzano, municpio de Caprino Veronesi provncia de Verona, Itlia. Filho
primognito de Domenico Armani e Caterina Bertoldi e irmo
de Francisco e Giuseppa.
Estudou
no seminrio Diocesano de Verona.
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1858 |
Aos
24 anos ordenado sacerdote e designado coadjutor na parquia
de Ferrara de Monte Baldo perto de Vilmezzano.
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1862
a
1873
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designado proco dessa mesma parquia, onde permaneceu por
11 anos.
Durante
sua permanncia em Ferrara de Monte Baldo, como os afazeres religiosos
da pequena cidade eram poucos, dedicou-se a uma atividade que o atraa:
tcnicas industriais. Lembrou-se que, quando menino e nas frias
do seminrio, sentia muito entusiasmo ao observar nas marmorarias
prximas sua residncia as tcnicas usadas
nesses estabelecimentos, que eram muitos, visto que a regio possua
grandes jazidas de excelente mrmore vermelho. Essas recordaes
no lhe saam da cabea e ele resolveu agir. Embora
houvesse tambm o trabalho de construir uma nova Igreja, sobravam-lhe
sempre algumas horas diariamente para desenvolver o seu lado engenheiro.
Assim, entre outros inventos, projetou, construiu e patenteou uma eficiente
mquina para cortar o mrmore. Exibida em vrias exposies,
ganhou menes e despertou o interesse de uma firma que se
propunha a fabric-la industrialmente. Surgiu, porm, um
problema: essa mquina precisava de muita energia, e esta, tanto
eltrica como hidrulica eram muito difceis e caras
na ocasio. Por isso, o projeto foi abandonado.
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1873
a
1888
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designado proco em Oppeano, uma cidade maior, tambm na
provncia de Verona, a permaneceu por mais 15 anos, quando
resolveu acompanhar um grupo de missionrios que viriam ao Brasil
a fim de dar assistncia espiritual a milhares de imigrantes italianos
que aqui viviam.
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1888
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Em
outubro desse ano se deu a chegada do Padre Armani ao Brasil, no Rio de
Janeiro, onde foi capelo em um convento na vila de Paraba
do Sul, tendo tambm exercido suas funes nessas
regies e nas parquias de Canto Alegre e Cascatinha.
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1890
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transferido para o estado de So Paulo, que comeava a se
industrializar e que contava com um nmero muito grande de imigrantes
italianos, principalmente na regio compreendida entre Campinas,
Amparo, Itapira, Mogi Mirim, Mogi Guau, etc., e que eram em sua
maioria vnetos e muitos da regio de Verona.
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1890
a
1903
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designado proco da parquia da Vila de Mogi Guau,
assumiu suas funes em abril de 1890 com 55 anos de idade
e aqui ficou por 13 anos. Ao assumir suas funes, sua decepo
foi muito grande: encontrou a secretaria em completo abandono faltavam
os livros, a papelada em completa desordem, rasgadas e apodrecidas. O templo
de barro socado inaugurado em 06/09/1733 estava em runas um verdadeiro
caos. Procurando se informar do motivo daquele descalabro, ficou sabendo
que h 8 anos no havia uma istrao vicarial
razovel. De abril de 1882 a 1884, cinco padres tinham ocupado o
cargo por poucos meses. A parquia tinha ficado acfala de
abril de 1888 at a posse dele em 1890.
Com
a disposio dos espritos fortes e confiantes, o
novo proco no se intimidou, arregaou as mangas
e foi luta!
Em
pouco tempo, os catlicos viram naquele padre no s
o sacerdote piedoso e simples at humildade, mas tambm
o vulto de um lutador que se agigantava a cada obstculo a vencer.
ado
esse perodo muito difcil, o Padre-engenheiro como era
chamado por seus conterrneos, ou a pensar em suas outras preocupaes:
a precariedade do ensino na vila, a carncia educacional de seus
paroquianos e a famlia na Itlia, que ele sonhava trazer
para c, para o Novo Mundo.
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1891
(+ou-)
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criou a Escola Paroquial para ambos os sexos e conseguiu trazer da Vila
de Itu duas professoras as irms Angelina e Jlia Brugnolle,
para dar aulas de alfabetizao e catecismo.
Durante
o tempo que o padre Guiseppe, agora Jos, permaneceu aqui, transformou
a Casa Paroquial em verdadeira hospedaria, recebendo os imigrantes que
chegavam, dando-lhes abrigo e encaminhando-os para as fazendas da regio
ou para outras profisses de acordo com as suas habilidades.
Sobre
o problema da famlia, que tinha suas prprias terras na
Itlia, mas insuficientes para absorver o trabalho da famlia
que crescia, uma das vrias solues em que pensou
foi inspirada em seu lado empreendedor: durante a campanha para recuperar
o templo, ele havia visitado fazendas e algumas olarias s margens
do rio, todas pequenas e muito precrias. Nessas visitas observou
com seu senso tcnico industrial que dos vrios tipos de
argila utilizadas, algumas eram bem maleveis e com grande plasticidade.
Resolveu ento que montaria uma olaria, porm, melhor aparelhada
do que as que vira. ar da idia para a realizao,
com o dinamismo que o caracterizava, foi um o.
Montou, ento, sua pequena olaria, inicialmente localizada na margem esquerda do rio na estrada que vai para a Cachoeira de Cima (hoje Rua So Jos) a 50 metros da ponte ferroviria, e ali fabricou tijolos com os quais fez um forno bem planejado e construdo com todo o capricho. Enquanto isso, providenciava a vinda de seus parentes atravs de cartas e telegramas. Ficou combinado que, junto com os parentes viriam membros da famlia de Domingos Brunelli, que entendiam de argila, pois tinham uma olaria na localidade de Pazzon, vizinha de Vilmezzano, j que os parentes do Padre eram lavradores, produtores de uva, vinho e grappa. Nas horas vagas, sem prejuzo de sua funo de sacerdote, e enquanto aguardava a vinda dos parentes, ele cuidava de sua olaria. Idealizou e construiu uma prensa de madeira movimentada por uma roda dgua, que ao contrrio das outras que recebiam gua por cima, era acionada por baixo, impulsionada com a fora da gua da correnteza que se formava no rio, abaixo do pequeno desnvel que existe sob a ponte ferroviria. Como no havia os equipamentos e materiais necessrios, ele era obrigado a improvisar. Assim, as polias que avam o movimento giratrio do eixo da roda para a prensa eram ligadas por cordas que faziam o papel das correias, que ele no conseguiu. Seu grande interesse era fabricar as telhas do tipo sa, que eram importadas da Frana, como as que esto hoje no telhado da antiga Estao Ferroviria da cidade (atual Biblioteca Municipal). A
importao era muito onerosa, sendo, portanto, um negcio
muito promissor fabric-las aqui. Mas, suas experincias no
iam bem porque devido grande plasticidade da argila, as telhas
prensadas nas frmas de madeira ficavam aderidas a estas, no
se soltavam, naturalmente pela falta de um leo lubrificante apropriado.
Por isso, ele ansiava pela chegada dos Brunelli, pois esperava que eles
tivessem uma soluo para esse problema.
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1892
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Chegada
da famlia. Finalmente, em 13 de agosto de 1892, desembarcaram no
porto de Santos sua irm Guiseppa, seu cunhado Guiseppe Martini
com 3 dos 4 filhos: Michelle, Ancila e Andra Luigi. O filho mais
velho, Slvio, continuaria estudando no Ginsio Superiori
de Desenzano de Garda e s chegaria ao Brasil em 16/06/1893.
Junto
com a famlia Martini, chegou tambm a famlia Brunelli:
Domenico, a esposa Jlia e os filhos Ernesto e Catina.
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1895
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No
final deste ano chega seu sobrinho Adolpho, que viria cuidar da olaria
do tio Padre.
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1897
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Em
outubro deste ano chega, finalmente, o outro irmo do Padre sco
Armani, a esposa ngela Sartori e 7 dos 9 filhos: Giovana, Domenico,
Nestor, Cndida, Caterina, Maria ngela e Guiseppe.
O
filho mais velho Guerino j estava casado e ficou na Itlia,
e o Adolpho j estava aqui h 2 anos, morando com o Padre.
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1898
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Nessa
poca o Padre Armani j havia desistido de seu sonho telha
sa. Ele no conseguira vencer inmeras dificuldades
econmicas, principalmente de materiais e equipamentos. No
havia ainda disponvel uma tcnica industrial com um certo
avano que pudesse ajud-lo, s mesmo desistindo
seus mais de 60 anos j comeavam a pesar...
Padre
Armani finalmente estava realizado: seus irmos e sobrinhos ao seu
lado no Brasil, em Mogi Guau. As atividades agrcolas agora
seriam mudadas para industriais no mais uvas, vinhos grappa
agora seriam argila, tijolos, telhas.
Assim,
nos ltimos anos do sculo 19, deu-se a consolidao
dos grandes cls Armani e Martini em Mogi Guau.
A
partir da, tendo a olaria do padre-engenheiro como semente, deu-se
o desenvolvimento da Indstria Cermica Guauana,
os Brunelli com a sua olaria no Bairro das Olarias onde hoje a
Cermica Chiarelli; os sobrinhos Armani Domenico, Nestor e Giuseppe
(Beppo), tambm no Bairro das Olarias, mais tarde Cermica
Armani e o cunhado Giuseppe (agora Jos) Martini com seus filhos
na olaria da Estiva.
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1900
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Na
agem do sculo XIX para o sculo XX, meia-noite
de 31 de dezembro de 1900 para 1 de janeiro de 1901, Padre Armani
executou os atos litrgicos com toda solenidade, celebrando a missa
cantada com acompanhamento de orquestra. Para marcar to importante
data, foi incrustada na parede da nave da Matriz uma placa de madeira com
os seguintes dizeres: 1900-1901 Jesus Deus Homo Vivit Regnat Imperat.
Essa placa mesmo de madeira, vencendo os anos e o sculo, continua
l, atestando esse fato histrico.
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1903
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Padre
Armani, aos 68 anos e sade precria, designado
capelo da Santa Casa de Misericrdia de Campinas, onde no
se d bem com o clima e o regime de vida, pois sendo ele um homem
muito ativo, no se acostumou a viver praticamente enclausurado
no hospital.
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1904
a
1908
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Padre
Armani transferido para Poos de Caldas para a que seria
a sua ltima parquia So Bom Jesus da Cana Verde.
Deu-se bem com o clima que era parecido com o de sua terra.
Em
abril de 1908, Padre Armani, com procurao do bispado de
Pouso Alegre, assinou a escritura de doao de um terreno
da Igreja Catlica para a prefeitura de Poos de Caldas,
onde seria construda uma praa e a nova Matriz da cidade
a Baslica de Santo Antnio, para a qual j vinha
trabalhando com muito afinco.
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1909
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Com
74 anos e j muito doente, Padre Armani se retira da vida religiosa
para casa de sua irm na Estiva, onde a a se dedicar com entusiasmo
seus ltimos meses de vida a construir, com a ajuda de parentes,
a capela de So Jos, em terreno doado pelo seu cunhado Guiseppe
Martini.
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1910
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Satisfeito
com a capelinha j terminada, Padre Armani, exemplo de f,
humildade, dignidade e trabalho falece aos 75 anos, no dia 02 de julho,
com 52 anos de sacerdcio. Foi enterrado no cemitrio de
Mogi Guau, em jazigo ofertado por seus antigos paroquianos, tendo
deixado como valiosa herana sua histria de amor e dedicao
s pessoas, em especial aos guauanos, para os quais procurou
abrir novos horizontes do ponto de vista espiritual, cultural e profissional.
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1914
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A
olaria do sobrinho Luiz Martini tinha crescido muito e a sua produo
com a de seus parentes na Estiva, mais a dos Irmos Armani e a dos
Brunelli, formavam uma produo mensal de dezenas de vages
de telhas e tijolos.
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1921
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Com
o grande desenvolvimento das olarias e a aquisio de equipamentos
mais modernos, os discpulos de Padre Armani realizaram, finalmente,
seu antigo sonho. Lanaram no comrcio, com grande sucesso,
a telha sa.
Logo
a seguir, o sobrinho Adolpho Armani instala tambm a sua olaria
na margem esquerda do Rio Mogi Guau, no Bairro do Areio.
Graas
ao trabalho, dedicao e tenacidade de seus sobrinhos, as
antigas e obsoletas olarias do comeo do sculo se transformaram
em modernas e sofisticadas Cermicas, competindo com as mais avanadas
do pas. Em 1957, a cidade foi chamada de Capital da Cermica.
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1954
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A
Cmara Municipal, prestando-lhe uma justa homenagem, indicou seu
nome para o Grupo Escolar de Mogi Guau, que foi inaugurado em
1913, e que a partir dessa data ou a se chamar Grupo Escolar Padre
Armani.
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1968
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A
pedido do povo, foi dado a uma praa do centro da cidade o nome
de Padre Armani, onde se encontra seu busto em bronze.
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2002 |
Por
volta de 2002, na reforma de uma residncia na Rua So Jos,
quando se escavava o quintal para obras, descobriu-se que estavam sobre
a olaria do Padre Armani, pois foi encontrado no local o forno, que por
sinal, um sculo depois se encontra em perfeito estado. Por uma
extraordinria coincidncia, a casa onde se deu esta descoberta
pertence a uma sobrinha-bisneta do Padre Armani.
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Resenha da Famlia Martini (Slvio Martini) autor: Luiz Gonzaga Martini Livro Mogi Guau Trs Sculos de Histria autor: Ricardo Artigiani Relatos verbais de descendentes da famlia Por: Maria Ancila Artigiani (sobrinha-bisneta). |